Dietas loucas aumentam com a chegada do Verão

O Verão é, geralmente, o motivo de muitas dietas. Afinal, a praia está aí e o bikini não vai perdoar. Esta é a ponta do problema, uma vez que as doenças alimentares são muito mais do que a vontade de ficar mais magra. A sociedade também tem responsabilidades na forma, cada vez mais, desiquilibrada como escolhemos os nossos alimentos.

“As doenças alimentares não são uma moda, se assim fosse era menos preocupante”. A afirmação é de Isabel Lírio, médica dietista no Hospital Distrital de Portalegre, que salientou a crescente preocupação com o aumento dos casos de bulimia e anorexia. A partir dos 12 anos de idade, entre 4,5 e 18 por cento das jovens sofrem de bulimia. A anorexia, por seu lado, manifesta-se numa em cada cem adolescentes. Estes dois tipos de doenças alimentares são consequências directas de uma má alimentação cada vez mais enraizada na nossa sociedade, que acarretam inúmeros problemas psicológicos, cada vez mais frequentes e mais difíceis de combater.

Isabel Lírio referiu que a bulimia é diagnosticada quando “os doentes vomitam a maior parte da comida que ingerem” e, que nos casos de anorexia os objectivos dos doentes é emagrecer o mais possível. Os números têm vindo a crescer em Portugal, especialmente na zona de Lisboa, onde cerca de duas mil pessoas foram atendidas no ano passado, só no Hospital de Santa Maria. Portalegre não é excepção, pois "cada ano aparecem mais casos", muito embora não haja estatísticas referentes a este assunto.

Consequências

Os sintomas vão para além da perda de peso, evoluindo à medida que o peso diminui. O aparecimento de penugem ao longo do corpo e a diminuição da tensão arterial são as consequências primárias, uma vez que, a continuação da baixa de peso leva à osteoporose e a aritmias cardíacas, que podem ser fatais. Existem três clínicas psiquiátricas universitárias que atendem doentes com perturbações alimentares e, segundo as estatísticas, já não consegue dar resposta ao crescente número de pedidos, especialmente se os casos necessitarem de internamento.

Segundo os dados mais recentes tem-se vindo a verificar casos de anorexia e bulimia em jovens cada vez mais novas ou em mulheres mais velhas, o que antes não acontecia. A idade e o sexo não são determinantes na hora de definir possíveis grupos de risco, mas as raparigas em idade adolescente, são as mais visadas. Dada a gravidade dos riscos associados a estas doenças é necessário tomar consciência de que anorexia e a bulimia são também problemas sociais e, não apenas uma questão de moda ou de birra de adolescentes inseguras.

É urgente esclarecer

No entanto, é urgente esclarecer que a magreza nada tem a ver com a anorexia, ou mesmo a bulimia. Isabel Lírio salienta que “ há jovens magras que têm um comportamento alimentar saudável e, que não apresentam qualquer sintoma de doenças alimentares. Embora não haja dados estatísticos disponíveis, a dietista assegura que a taxa de cura é superior a 70 por cento.

O papel dos familiares é essencial na recuperação dos doentes, que pode levar mais de dois anos a completar-se. “Em primeiro lugar eles têm de perceber que este tipo de doenças não são uma mania, nem se resolve com vitaminas ou fortificantes”, frisa Isabel Lírio. A educação sobre a doença assume assim um papel vital na prevenção e também na recuperação.

Principais sintomas

Embora o diagnóstico seja difícil de estabelecer, há determinados sinais que poderão indicar a presença de uma anorexia.

  • Emagrecimento rápido, por exemplo a perda de 15% da massa corporal em dois ou três meses.
  • Desculpas frequentes para não comer ou para o fazer isoladamente.
  • Ingestão exclusiva de frutas e saladas
  • Consumo excessivo de laxantes e diuréticos. Actividade física exagerada.
  • Mudança de temperamento - maior agressividade, irritabilidade, isolamento social.
  • Perturbações do sono.
  • Perda da menstruação ou, nos rapazes, da capacidade de erecção.
  • Queda do cabelo e manchas nas unhas.
  • Perda do desejo sexual.