Desenvolvimento local debatido no Fórum de Animação Social

A importância do desenvolvimento local, a inserção dos indivíduos na sociedade e o perfil do animador sociocultural foram temas abordados na quarta edição do Fórum de Animação Educativa e Sócio-Cultural. Depois do debate, todos esperam que a iniciativa continue nos próximos anos.

“Ser cultural ou ser consciente é a forma de estar radical dos seres humanos. É, porque está sendo”, é uma frase do autor Paulo Freire, citada pelo professor da Universidade do Algarve, Alberto Melo que trouxe ao Fórum de Animação Sócio-Cultural, subordinado à temática “Práticas Profissionais e Contextos de Intervenção”, a sua idealização do homem enquanto ser cultural.

O professor apresentou também a sua experiência de trabalho na Associação-In Loco, em Faro, na qual se coloca em prática um conjunto de medidas que têm por objectivo, desenvolver as localidades que caíram no esquecimento.

O professor defende que “o homem deve afirmar-se como sujeito da sua própria história, construindo-se através de relações físicas e sociais” e ainda que “temos a obrigação de ser conscientes com nós mesmos, com os outros e com o mundo”. Alberto Melo, antes de terminar, citou Miguel Torga dizendo que “O universal é o local sem paredes”, para mostrar a todos os presentes o quanto é importante intervir no espaço público, ultrapassando “a falta de aceitação primária da comunidade e a falta de apoio do Governo”, remata o animador.

A região como rede de participação

Durante a sua intervenção, o professor desta escola, Avelino Bento começou por definir a Animação Sócio-Cultural como “uma filosofia de integração que resulta numa profissão da actualidade que actua sobre contextos e instituições”.
Criticou o “desfasamento que existe entre os órgãos políticos e aqueles que estão ligados à recreatividade cultural".

Para o professor, “os órgãos políticos devem ceder mais protagonismo às associações e conferir-lhes o direito à diferença, como um acto de justiça social distributiva”. >br/> Do público, ouviu-se ainda o testemunho de uma ex-aluna da ESEP que concorreu para uma vaga de emprego para um Técnico de Animação Sócio-Cultural na Câmara de Estremoz, e viu ser preenchida mais tarde por uma pessoa que não era formada em Animação, mas sim em Arqueologia.
Presente neste encontro esteve o professor da Universidade Autónoma de Barcelona, Xavier Ucar que traçou o cenário vivido em Espanha relativamente a esta profissão e aos diferentes modelos de intervenção social e educativa subordinados à caridade, justiça social e inclusão.

“Confiar na capacidade dos grupos para decidirem por si mesmos sobre o seu futuro deve ser um dos princípios dos técnicos de animação, que deverão trazer consigo, características como a da autonomia, criatividade, solidariedade, cooperação e tolerância.”, salienta Xavier Ucar descrevendo o que para si representa o perfil dos profissionais ligados à Animação Sócio-Cultural.
A sua intervenção teve como desfecho uma canção apresentada pelos alunos da Escola Profissional de Mora que também marcaram presença neste encontro.

Fórum de Animação é para continuar

A responsável pelo Estabelecimento Prisional Regional de Elvas, Ana Rosa Reis destacou o papel das actividades ligadas à animação junto dos reclusos. “Os dias dentro de uma prisão são muito extensos. Através da Animação Sócio-Cultural, conseguimos que o dia não tenha 48, mas apenas 24 horas, além de que faz com que os reclusos se sintam activos e capazes, caminhando para uma socialização mais eficaz.”

“ O balanço é muito positivo, temos tido a casa cheia, além da qualidade científica que tem sido apresentada em todas as declarações efectuadas. Os objectivos foram mais do que atingidos. Espero que os alunos levem daqui novas formas de ver a Animação Sócio-Cultural”, considerou João Vintém, organizador do evento.
Esta iniciativa contou com a organização dos professores João Vintém e Emílio Alves e, ainda, de alguns alunos do curso de Animação Educativa e Sócio Cultural.
"Fico contente por sentir que os alunos se envolveram no espírito desta iniciativa”, disse Presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, Nuno Oliveira. Já o Presidente do Conselho Executivo da ESEP, Albano Silva deixou votos para que “ este seja um fórum que se afirme anualmente nesta escola.”