Portalegre homenageia D. António Ferreira Gomes

A diocese de Portalegre homenageou D. António Ferreira Gomes por ocasião do centenário do seu nascimento. Vários testemunhos abordaram a sua vida e obra, destacando as acções que desenvolveu em Portalegre, cidade que o acolheu entre 1949 e 51.

D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, foi homenageado na passada quinta-feira, por ocasião do centenário do seu nascimento. A diocese de Portalegre juntou vários testemunhos da vida e obra do Bispo.

Figura emblemática na doutrina social da Igreja, chega a Portalegre em 1949 “com a preocupação de formar a inteligência deste povo”, afirma D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa. Era um homem “livre que defendia os direitos humanos. As suas reflexões socio-políticas integram-se unicamente na missão pastoral da igreja.”
A actualidade do discurso do Bispo do Porto é visível “pois a concordância com que defendeu o cristianismo ainda hoje reúne testemunhos”, continua.

Na diocese de Portalegre, D. António Ferreira Gomes, divulgou a sua vasta cultura e construiu o Seminário Maior. Até 1951, data em que regressou ao Porto, o Bispo tentou reunir meios para que uma sociedade mais justa fosse estabelecida.

Em dois anos as suas acções incidiram principalmente nas comunidades agrárias, sonhando construir uma Associação Agrária, e nas pessoas mais necessitadas. “A sua preocupação para com os problemas sociais vem ao de cima desde a primeira hora, perante a situação do proletariado Alentejano”.

“Conheci D. António no Seminário, estava a terminar os estudos de Filosofia, e lembro-me que ele foi a uma aula e disse que queria premiado o melhor aluno da turma. Ele teve sempre em atenção a formação física, intelectual e espiritual profunda dos seminaristas”, recorda o Padre José Patrão.

D. António e Portalegre

Na primeira Carta Pastoral que escreveu em Portalegre pode ler-se: “vemos [a] grandeza religiosa da cidade acompanhada por um surto económico e por uma prosperidade civil que podem despertar saudades”.
“O ano de 1949 foi um ano politicamente difícil e as tomadas de posição do Bispo influenciaram a nossa atitude como cidadãos, como cristãos e como pessoas conscientes”, explica o Padre José Patrão.

Tanto no Porto, como em Portalegre, D. António promoveu a organização dos arquivos e a defesa do património das igrejas.

A homenagem e as palavras dos testemunhos fizeram transparecer o seu trabalho, ensino e divulgação da cultura, perpetuando assim as suas beneficiações e a sua memória.

“Os poucos anos em que esteve em contacto com as gentes do Alentejo foram suficientes para gerar no Bispo um carinho e apreço muito especiais”, finaliza D. Carlos Azevedo.