“As crises podem ser aproveitadas para reflectirmos sobre as nossas acções”

Luís Miguel Cardoso, Director da Escola Superior de Educação de Portalegre
Luís Miguel Cardoso, Director da Escola Superior de Educação de Portalegre

O antigo professor do curso de Jornalismo e Comunicação, garante, em entrevista ao ESEPJORNAL, que “tanto a direcção, como a presidência do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), estão em total sintonia para garantir o funcionamento das actividades de formação com a maior qualidade”. O rigor e oprofissionalismo exaltam no seu discurso, e Luís Cardoso acredita neste binómio, como a solução perfeita para contornar o que muitos denominam por crise. Assegura que, perante a nuvem negra que atravessa Portugal, a Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP), “tem sabido sempre encontrar as melhores condições,eas melhores soluções” para oferecer um serviço de qualidade, aos seus docentes, alunos e funcionários.

PERFIL

Luis Miguel Oliveira de Barros Cardoso, 42 anos de idade, casado e chefe de familia.

É o actual director da Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP).

Doutorado pela Universidade de Coimbra, em Línguas e Literaturas Modernas, com especialização em literatura comparada (Literatura e Cinema), exerceu, até ao passado ano lectivo, as funções de docente, do curso de Jornalismo e comunicação.

 

ESEPJORNAL -Há cerca de ano e meio que assumiu a direcção da ESEP. Como classifica o percurso, até à data, à frente desta escola do IPP?

Luís Miguel Cardoso - Tem sido um percurso muito interessante e muito estimulante, principalmente, porque sentimos que toda a escola está unida em torno de um objectivo central: caminhar em direcção ao futuro, potencializando todos os nossos recursos, humanos e físicos, para melhorarmos as nossas áreas de actividade, para melhorarmos as nossas condições de funcionamento, para melhorarmos a nossa oferta formativa e para continuarmos a afirmar o nome da Escola Superior de Educação de Portalegre na região.

P.- No ano lectivo 2010/11 a ESEP alargou a sua oferta formativa. Que balanço faz da adesão ao 2.º ciclo? Abrirão novos mestrados no próximo ano lectivo?

R.- Relativamente ao novo mestrado de jornalismo, comunicação e cultura posso desde já afirmar que esta primeira edição esteve manifestamente associada às nossas expectativas. Recebemos alunos que já tinham feito o seu percurso académico aqui na nossa escola, nomeadamente um 1.º ciclo em Jornalismo e Comunicação, mas recebemos igualmente alunos de outras instituições, o que muito me satisfez, facto que vem consolidar a ideia que nós já tínhamos, ou seja, este mestrado está ao serviço do percurso formativo dos nossos alunos de jornalismo e comunicação e está igualmente ao serviço das necessidades formativas, ao nível do 2.º ciclo, da região na área do jornalismo e da comunicação em particular. As nossas expectativas eram de facto elevadas, porque a escola investiu muito e acreditou sempre neste projecto, e todos nós ficámos satisfeitos, não só com a aprovação, mas também com a procura que o mestrado teve. Este mestrado será certamente uma excelente aposta para a consolidação da escola e para a construção de um caminho de sucesso em termos de formação dos nossos alunos.

P.- Vivemos tempos conturbados no campo da economia. A crise que atravessa o país também passa pela ESEP? Que tipo de medidas estão a ser tomadas?

R.- O país atravessa, de facto, uma conjuntura económica, financeira e social que implica da nossa parte reflexão e estudo para encontrarmos as melhores soluções para, em primeiro lugar, identificarmos os problemas e, em segundo lugar, tentarmos ultrapassá-los, tentarmos resolvê-los. Apesar dos constrangimentos financeiros, não só as instituições de ensino superior em geral, não só o instituto, mas também a  nossa escola em particular, tem  sabido sempre encontrar as melhores condições, as melhores soluções para assegurar primeiro: a nossa oferta formativa; segundo: as melhores condições de funcionamento para professores, alunos e funcionários; terceiro: continuar a procurar a consolidação da oferta formativa, tanto mais que a escola apresentou várias propostas de novos cursos à agência nacional de acreditação do ensino superior, e estamos a aguardar, precisamente, a resposta desses pedidos de acreditação.

Esta conjuntura obriga a um esforço de racionalização, de recursos humanos, de uma gestão de grande rigor em termos financeiros, de um cuidado reforçado, relativamente aos nossos recursos físicos, aos nossos equipamentos, no entanto nós devemos sempre acreditar que apesar das limitações e dos constrangimentos as crises podem ser aproveitadas não só para nós reflectirmos sobre as nossas acções, mas também para conjugarmos a experiência, o empenho, o profissionalismo e também a imaginação, para ultrapassarmos essas mesmas dificuldades. Em termos de funcionamento a escola encontra-se a funcionar dentro dos nossos objectivos e o instituto igualmente. Relativamente aos nossos alunos, que são a nossa principal preocupação, gostaria de assegurar que tanto a direcção como a presidência do instituto tentarão sempreencontrar as melhores soluções para os defender, em todos os momentos e em todas as situações.

 

“Gostaria de Salientar que o instituto tem feito todos os esforços, (...) para garantir o melhor apoio possível aos nossos alunos”

 

P.- A época que atravessamos já provocou a desistência de alunos desta Escola?

R.- Em comparação com outras instituições de ensino superior gostaria de dizer o seguinte: primeiro, que de facto inúmeras instituições de ensino superior, em Portugal, já sofreram com os recentes constrangimentos associados à atribuição de bolsas, já sofreram uma diminuição de alunos significativa.

No nosso caso, gostaria de salientar que o instituto tem feito todos os esforços, na medida das suas possibilidades e de acordo com o enquadramento legal, para garantir o melhor apoio possível aos nossos alunos. Gostaria de reforçar esta ideia, que não só a nossa escola, mas também o instituto têm feito tudo aquilo que está ao seu alcance para salvaguardar, mesmo as situações mais complicadas. Sabemos que este período, é um período difícil e que exige sacrifícios a todos. Da nossa parte estaremos sempre presentes em todos os momentos de atribulação que possam vir a suceder e, por isso, gostaria de deixar uma palavra de confiança aos nossos alunos, para que continuem a acreditar no instituto, para que continuem a acreditar na escola, e para que nos procurem sempre que surja qualquer dificuldade. Sempre que tenham uma sugestão, sempre que tenham um problema que seja mais difícil em termos de resolução, estamos sempre receptivos e disponíveis para os receber.

P.- Que medidas são tomadas pela ESEP, para permitir a continuidade de alunos mais carenciados? Está estabelecido algum plano de emergência, o chamado plano SOS?

R.- Temos aqui que estabelecer duas linhas de actuação. Primeiro, os serviços de acção social dependem estritamente do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), portanto a questão das bolsas está intimamente associada a esses serviços e ao instituto. Da nossa parte, e eliminada esta área de intervenção, temos tentado identificar as situações que exigem da parte do instituto uma intervenção e um cuidado mais próximo e mais profundo, tem sido essa a nossa preocupação, e para isso temos contado com a  colaboração das direcções de curso e dos nossos professores, que nos ajudam, precisamente, a identificar os alunos que de facto são merecedores desta atenção social e, nesta primeira linha é assim que temos procedido.

Todas as situações que não tenham ligação directa com a atribuição de bolsas, ou com os SAS, e relativamente às quais nós possamos intervir no sentido de resolver qualquer situação a nível dos horários, em termos de deslocação, justificação de faltas, ou outras situações que estejam ligadas à actividade da nossa escola, a direcção também está totalmente receptiva a ajudar, basta que os alunos nos contactem e identifiquem o problema e nós tudo faremos para ajudar.

 

“Os alunos merecem melhor e nós vamos continuar a lutar para que eles tenham melhor.”

 

P.- Somos confrontados diariamente com cortes. Acha que será possível continuar a oferecer aos alunos o mesmo grau de qualidade? Onde cortar?

R.- Passamos à questão do financiamento. Gostaria de salientar que tanto a direcção da escola como a presidência do instituto estão em total sintonia para garantir o funcionamento das actividades de formação com a maior qualidade. Isto implica da nossa parte um grande esforço, em termos de recursos humanos, quer consideremos a manutenção e a contratação de professores com as habilitações adequadas e exigidas para desempenho de funções no ensino superior, como igualmente manter os funcionários necessários para o bom funcionamento dos serviços e das áreas da nossa escola. Relativamente a estes dois campos, tudo estamos a fazer para que a qualidade não seja afectada. Mesmo relativamente às nossas estruturas físicas e aos nossos equipamentos e outras necessidades que os nossos alunos e  professores venham a sentir, a direcção tem-se empenhado em resolver tudo aquilo que foi sinalizado e apesar dos constrangimentos temos conseguido renovar os espaços de aula, temos conseguido renovar os equipamentos. A nossaúltima grande aposta que contou com o apoio do IPP, que eu agradeço e sem a qual não poderia ser possível efectuar esta obra, foi a remodelação do espaço da nossa anterior cantina, que deu origem a novas salas de aula e a novos gabinetes para os nossos professores. Com este espaço a escola ganha qualidade, não só nas salas, mas também ganha qualidade em termos da àrea de trabalho dos nossos docentes, eliminando gabinetes provisórios, que a escola possuía há inúmeros anos e que até à altura não tinha sido possível eliminar e substituir por gabinetes adequados e com qualidade. Portanto, eu gostaria de realçar que apesar dos constrangimentos nós vamos continuar a lutar e a utilizar o nosso total empenho nas melhorias da nossa escola em termos de funcionamento, de recursos humanos, de recursos físicos, porque os nossos alunos merecem melhor e nós vamos continuar a lutar para que eles tenham melhor.

P.- O quadro de docentes tem vindo a melhorar, substancialmente, neste curto espaço de tempo. Irá a situação do país atingir a sua integridade e qualidade?

R.- Neste momento o nosso corpo docente exibe já uma grande qualidade, nomeadamente, pelo salto qualitativo e quantitativo que a escola demonstrou no passado mais recente, quanto ao número de doutorados que a ESEP tem vindo a conhecer.

O número de doutorados constitui o nosso principal referencial, para demonstrar que a escola está em sintonia com as obrigações legais e de funcionamento, que o ensino superior exige e que os nossos alunos também exigem, para termos as melhores aulas, para termos a ciência e a pedagogia ao seu melhor nível e para conseguirmos também oferecer à comunidade uma oferta formativa rigorosa e que esteja ao serviço das suas expectativas.

Este corpo docente, como disse, exibe já um grande nível de qualidade, em breve e a curto prazo, o número de doutorados atingirá o número de 40 elementos e isso será um marco decisivo para a afirmação da ESEP.

Da nossa parte, e também em conjugação com o IPP, tudo faremos para que os nossos professores tenham condições para terminar os seus doutoramentos e para que possam associar o seu esforço de investigação científica, aos objectivos e às missões da nossa escola. Os nossos alunos só têm a ganhar com um corpo docente mais qualificado e essa é uma das apostas centrais da direcção da escola.