À procura de um lugar ao sol

 
Em 20 anos de curso, o número de diplomados anda na casa das centenas. O sonho de se tornarem profissionais no mundo dos meios de comunicação foi concretizado por alguns, enquanto que outros não atingiram os seus objetivos. Para os ex-alunos de JC, as razões são várias e podem ser encontradas no facto de se tratar de uma instituição menos conhecida a nível nacional e por se situar no interior do país. É o caso de Joana Fistilla, ex-aluna do curso na vertente de Jornalismo que lembra que “quando estagiei no Correio da Manhã a primeira coisa que me perguntaram foi o local onde tinha estudado e houve alguns risos porque não é valorizado pelos medias nacionais”.

A opinião de Ana Leonor Pós-de-Mina vai no mesmo sentido: “tenho muita pena, mas a nossa escola tem pouco reconhecimento”. A ex-aluna que não exerce atividade na área, referiu ainda que “sei que temos bons professores e um bom curso que tem qualidade, mas a verdade é que quando somos comparados com outras escolas, por exemplo de Lisboa, somos sempre menosprezados.” Ana Leonor recorda que quando se foi inscrever no Centro de EMPREGO a questionaram sobre as suas habilitações “nem me deram o tempo de dizer a escola e perguntou logo: “Lisboa?”, eu disse que era Portalegre e a senhora informou-me que nem no computador aparecia essa opção”, refere a ex-aluna para quem as “Jornadas da Comunicação são o único ponto onde se interessam e sobre o qual me questionam quando entrego o currículo”

Para Duarte Bivar, atualmente a frequentar o 2º ano do curso refere que algumas das razões para o que considera ser o pouco reconhecimento do curso são “a falta de iniciativa, condições ou parcerias”, embora reconheça que “a qualidade e a preparação de cada aluno só depende do interesse e vontade de cada um”.

Já Cláudia Rocha, aluna do 2º ano, prefere sublinhar que os alunos têm “o apoio dos professores que nas outras escolas não iriamos ter e sobretudo a dedicação e paixão que nos transmitem”.

Apesar das dificuldades que os alunos encontram, mostram-se satisfeitos pelo curso ter mais prática do que teoria como conta Daniela Sequeira, ex-aluna do curso, na vertente Jornalismo e que atualmente estagia no Correio da Manhã TV: “Saímos para a rua, vamos procurar notícias, mexemos com câmaras, estúdios, microfones…temos muita prática e não tanta teoria, sei apenas que no Correio da Manhã o curso de Jornalismo e Comunicação de Portalegre é considerado como um dos que melhor prepara os alunos”.

Para José Ramalho, aluno de 3º ano do curso de Jornalismo e Comunicação na vertente de Jornalismo o curso “em si é possível que seja reconhecido porque há vários profissionais aqui formados a TRABALHAR em grandes órgãos de comunicação social nacionais”, mas lamenta que o equipamento para a realização dos trabalhos não esteja nas melhores condições: “O facto de aprendermos em aparelhos antiquados, deixa-nos muito aquém dos outros cursos do país e que o facto de só nos podermos cingir à zona citadina para a produção de trabalhos e exercícios jornalísticos faz com que os alunos ganhem a habilidade em “falsificar” notícias”.

Ana Catinana, aluna de 3º ano do curso na vertente de Comunicação, partilha da mesma ideia: “não há reconhecimento por se tratar de uma escola no interior e infelizmente o interior é considerado ainda o berço da ignorância”. Explica que mais tarde os alunos formados nesta escola irão perceber que nunca são inferiores a outra pessoa formada noutra faculdade.

Também a ex-aluna Joana Fistilla afirma: “Fui bem preparada. Aprendi quais são os valores notícia, entrevistas, o manuseamento de máquinas de filmar, gravadores, mesmo esses por vezes serem escassos e não actualizados, o mais importante tivemos o apoio de todos os professores e do Director da escola ”, conclui que “apesar das dificuldades é preciso lutar, porque o essencial é ter tido a base e “os óculos” que nem todos conseguem ter”.