Jornalismo online versus jornalismo impresso – qual irá prevalecer no futuro?

O jornalismo actual debatee-se com vários desafios. A imprensa tradicional tem vindo a perder leitores e o jornalismo online começa a atrair um maior número de consumidores. Mas se os jornais de papel conseguem sobreviver através da publicidade, já o online não possui qualquer estratégia de negócio rentável. O futuro do jornalismo é, assim, um pouco incerto. Luís de Carvalho, editor do semanário Expresso, explicou, no Sexto Seminário de Design, as preocupações que pautam este sector.

“Daqui a dez anos haverá jornais impressos, jornais tradicionais?”, questiona o editor de multimédia do semanário Expresso, Luís de Carvalho. A pergunta dominou o debate de “Jornalismo Multimédia”, que se realizou no dia 16, na Escola Superior de Tecnologias e Gestão de Portalegre (ESTGP), no âmbito do 6º Seminário de Design.

A imprensa tradicional tem vindo a perder leitores, os novos desafios do jornalismo são vários e encontram-se directamente ligados à revolução tecnológica. Produtos como os iPods, as câmaras minidv, os telemóveis de terceira geração entre outros têm incitado ao desenvolvimento do jornalismo do cidadão e do jornalismo multimédia.

Por onde passará, então, o futuro do jornalismo? Luís de Carvalho só tem uma certeza, a de que “o jornalismo e a comunicação estão a mudar de uma forma óbvia”.
Apesar de várias tentativas iniciais, para o jornalista a verdadeira aposta dos meios de comunicação na era digital coincide com os ataques de 11 de Setembro ao World Trade Center, nos Estados Unidos da América. “Nos anos 90, as empresas jornalísticas fizeram grandes investimentos na área das novas tecnologias e acabaram por obter prejuízos. Depois do 11 de Setembro, voltou-se a apostar no online. O 11 de Setembro teve um grande impacto no jornalismo devido aos testemunhos anónimos, mensagens SMS, vídeos e fotografias que rapidamente começaram a circular nos meios de comunicação”, refere o jornalista.

Rapidez, actualização e interactividade com o leitor são algumas das características associadas ao jornalismo online. O som, o vídeo e o design passam, assim, a ser componente integrante das notícias.

“O que o jornalismo online oferece ao jornalista é a possibilidade de contar as estórias jornalísticas de diferentes maneiras. Esse é o desafio. Esta nova arte permite-nos criar um conjunto de leitores de grupos diferentes. Os jornais têm de estar virados para os novos leitores”, afirma.

Nos EUA, “o jornalismo de cidadão está a ser um sucesso”, todavia, Luís de Carvalho admite ser legitimo “questionar se um texto de um leitor tem a mesma veracidade que um texto de um jornalista”.

O debate em torno do online/multimédia é ainda relativamente recente e tem gerado grupos de discussão divergentes. Se por um lado há os jornalistas fascinados com as novas funcionalidades tecnológicas e novos conteúdos multimédia, por outro, existem profissionais do sector que mantêm algumas reticências.
“Há jornalistas que defendem que o jornalismo online deve ser um refém do jornal impresso, para publicar aquilo que não cabe no papel. Para mim, isso não é jornalismo online. O jornalismo online pode ser actualizado de minuto a minuto, permite-nos usar uma linguagem mais rápida, com infografia animada”.

Luís de Carvalho confessa-se um apoiante desta nova valência e reconhece-lhe inúmeras vantagens. “O que me irrita é no papel ser tudo tão devagar. No online, tiramos uma fotografia, ela é rapidamente publicada e passado uma hora já tenho leitores a comentá-la.”

O facto de não haver uma forma rentável de negócio no jornalismo online pode, segundo o jornalista, ser um entrave ao desenvolvimento do jornalismo multimédia e, em contrapartida, um apoio ao jornalismo tradicional, que sobrevive graças à publicidade. Porém, a perda de leitores por parte dos jornais em papel irá obrigar os mesmos a “repensar o seu futuro”.

Desenvolvimento de “trabalhos de profundidade, mais e melhores explicações dos assuntos” são algumas das soluções apontadas pelo jornalista Luís de Carvalho para que os jornais tradicionais cativem mais leitores e assegurem, assim, a sua continuidade no mercado jornalístico.