Moções reivindicativas dos agricultores não foram entregues ao Governador Civil

A ausência do Governador Civil de Portalegre, Jaime Estorninho marcou a manifestação dos agricultores do distrito de Portalegre, que numa marcha lenta de tractores e veículos agrícolas percorreram ontem a cidade norte alentejana. As propostas reivindicativas dos profissionais do sector serão entregues ao presidente da Câmara Municipal de Portalegre.

O caderno com as propostas reivindicativas dos agricultores do distrito de Portalegre, que ontem se manifestaram contra o não pagamento das medidas agro-ambientais, não foi entregue ao Governador Civil de Portalegre, Jaime Estorninho por este se encontrar ausente.

Compromissos “inadiáveis” impediram que Jaime Estorninho se encontrasse com os agricultores, tendo os manifestantes sido recebidos pelo vereador António Chaparro. “O Senhor Governador Civil, teve de se deslocar a Lisboa, também para acompanhar uma comissão do distrito de Portalegre. Portanto, a Associação de Agricultores de Portalegre sabia dessa situação, porque foi enviado desde logo um ofício, assim, que foi solicitada a manifestação”, afirma António Chaparro.

Os agricultores decidiram entregar o caderno com as propostas reivindicativas directamente ao presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Mata Cáceres. “A carta com as razões do nosso protesto, e de todos os nossos receios, será entregue ao Ministério da Agricultura e ao Senhor Primeiro-ministro através do presidente da Câmara [de Portalegre]. De qualquer maneira queríamos transmitir as nossas palavras, mostrar aqui, que existe um protesto e que vai crescendo”, assegurou um dos representantes dos agricultores do distrito de Portalegre. Em causa, está a suspensão de ajudas financeiras no sector ambiental, bem como a interrupção dos subsídios referentes à electricidade verde, por suspeita de fraudes.
Durante o protesto, que se prolongou pela cidade com uma marcha lenta de veículos agrícolas, os agricultores acusaram o Ministro da Agricultura de má gestão orçamental e de “fazer demagogia” contra o sector agrário. “Temos um Ministro [da agricultura] que é mau gestor, que geriu mal o orçamento rectificativo e fez com que cinquenta milhões de euros fossem devolvidos a Bruxelas, euros esses que vão ser repartidos pelos estados membros que cumpriram as famosas medidas agro-ambientais”, disse o vice-presidente da Associação de Agricultores de Serpa, Manuel Godinho, que se juntou aos agricultores do distrito de Portalegre, para apoiar a contestação.

Segundo Manuel Godinho, o conflito entre os agricultores e o Ministro da Agricultura, Jaime Silva, poderá pôr em causa a Constituição Europeia. “Quando se mete portugueses contra portugueses, dizendo que uns são os parasitas que precisam de fundos de Bruxelas para sobreviverem e que não produzem para a nação, quando vier a Constituição Europeia as pessoas vão-se vingar.”
“ Se [o governo] estivesse a dar valor ao ambiente estaria a dar valor às pessoas que preservam as nossas paisagens”, acrescentou.

A próxima manifestação dos agricultores do Alentejo irá realizar-se em Évora.