Morte por cancro da mama aumenta em Portalegre

O número de mortes causadas por cancro na mama tem vindo a aumentar no distrito de Portalegre. A visita tardia a um médico e a falta de informação são algumas razões que justificam os números. Um diagnóstico precoce continua a ser a melhor solução. Por vezes as hipóteses de cura "chegam aos 100 por cento".

O número de óbitos por tumor maligno da mama feminina sofreu um aumento de quase cinco por cento do ano de 2000 para o ano 2001, no distrito de Portalegre. Este aumento traduziu-se em mais três mortes do que no ano anterior, num total de vinte e oito falecimentos.
O distrito do Norte Alentejano é o que apresenta uma das maiores taxas de óbitos a nível nacional, com valores superiores à média (28,7 no ano de 2000 e 31,0 no ano seguinte), em cerca de 10%.

Em Portugal, a incidência deste tipo de cancro varia um pouco com as regiões, mas ronda os 60 novos casos por ano por 100 mil habitantes, o que significa três mil novos casos por cada ano que passa.

Destes novos casos mais de metade constituem óbitos, um número que tem vindo a crescer de um forma assustadora. Do ano 2000 para o ano 2001 houve mais 129 mortes causadas por este tumor maligno que atinge, quase em exclusivo, as mulheres.

Odete Caiola, enfermeira chefe do serviço de ginecologia do Hospital Distrital de Portalegre, defende a necessidade de um maior cuidado por parte das mulheres, porque “muitas vezes quando as mulheres chegam ao médico, já é tarde.”

É importante ir ao médico pelo menos de dois em dois anos, mas o ideal é a ida ao ginecologista uma vez por ano, porque é essencial fazer exames de rastreio quando ainda não há sinais visíveis, dado que “nestes casos a possibilidade de cura é de quase cem por cento”, frisou Odete Caiola.

Os problemas e as doenças do foro ginecológico são sempre vistos com alguma reserva e descuidados por vergonha de falar de doenças ainda vistas como um tabu.
Em Portalegre, estes problemas são agravados porque “ o grosso da população ainda tem um nível cultural baixo, especialmente nas zonas mais pobres”, o que dificulta o trabalho dos serviços de saúde que se debatem com a necessidade de consciencializar as mulheres para a diferença entre fazer, ou não, um diagnóstico precoce, ou seja, entre a morte e a vida.
Apesar da taxa de mortalidade ser mais elevada em faixas etárias mais altas, a verdade é que há cada vez mais casos de mulheres mais jovens a serem afectadas por este tipo de tumor.

Os grupos de risco têm vindo a crescer, quer pelos hábitos de consumo, quer pela evolução da nossa sociedade (o stress, o tabagismo), o que acaba por influenciar o número de casos e, posteriormente, o número de óbitos.

As mulheres com idade superior a 50 anos, que tenham tido um período fértil longo, com antecedentes familiares, ausência de filhos ou primeira gravidez depois dos 35 anos pertencem a um grupo de risco. Contudo, há outras características que podem influenciar negativamente este tipo de doença, tais como: má nutrição, ingestão excessiva de álcool e ainda a obesidade.

Sinais de alarme

Está mais do que comprovado que o diagnóstico precoce é a chave da vida nestes casos. Caso este não tenha sido possível, os seguintes sintomas serão mais do que um bom motivo para que qualquer mulher se dirija ao médico: nódulos na superfície da mama, deformação anormal, dores nos seios fora do período menstrual, eczema junto dos mamilos, secreção do mamilo e endurecimento do tecido numa dada região do seio.