Obras do Polis em Portalegre geram críticas entre a população

Setembro de 2005 é a data prevista para a conclusão dos trabalhos do Polis. Até lá os moradores e comerciantes sentem na “pele” os constrangimentos das obras. “Há comerciantes que estão a facturar 75 euros por dia”, garante o presidente da associação comercial.

Quatro meses é o tempo que a Sociedade Portalegre Polis tem para concluir todos os projectos inseridos no programa Polis. Representando um investimento global cerca de 17 milhões de euros e abrangendo uma área de, aproximadamente, 70 hectares, envolvendo toda a cidade, o Polis propõe a requalificação ambiental e turística de Portalegre, transformando-a numa nova cidade.

As artérias cortadas, o barulho das máquinas, os jardins e os edifícios vedados pelas obras, são alguns dos exemplos visíveis de que as obras estão a decorrer para que em Setembro de 2005 Portalegre surga de cara lavada.

A requalificação e consolidação da estrutura viária principal, a criação de atravessamentos pedonais entre o centro histórico e as áreas em processo de urbanização na meia encosta, constituição de uma rede de parques de estacionamento e melhoramento das acessibilidades internas, valorização paisagística de zonas verdes e jardins, promovendo a sua ligação pedonal, requalificação urbana do passeio público e do e do espaço envolvente à muralha, são as seis grandes áreas de intervenção do Polis.

Em simultâneo estão também a ser executadas algumas obras complementares consideradas de grande importância pela autarquia – por exemplo - a criação do Centro de Artes e Espectáculos, junto às instalações da Escola Superior de Educação (ESE), um dos locais mais emblemáticos da cidade.
É precisamente neste espaço que estão a decorrer, em simultâneo, um número considerado de trabalhos – por exemplo - a requalificação do eixo Praça da República e o largo da Sé – no âmbito do Polis.

Caos na cidade

“Está instalado um autêntico estaleiro”, quem o afirma é o presidente da ESE, Albano Silva, que apesar de considerar “vital a realização de obras para a cidade de Portalegre” lamenta que a escola não tenha sido informada dos trabalhos e que não esteja a existir nem da parte da autarquia nem da Sociedade Portalegre Polis coordenação e planeamento dos trabalhos.
“Quando nos apercebemos do movimento das máquinas e da instalação dos estaleiros tentámos perceber o que se estava a pensar. Mas, a única resposta que obtivémos é que era mesmo assim”, explica frisando que a escola não foi informada nem das alterações de mobilidade nem da duração dos trabalhos.
“Nem um placar existe junto da obra a informar da duração dos trabalhos”, denuncia Albano Silva.

Confrontada com as queixas da população relativamente às obras, a directora técnica e executiva da Sociedade Portalegre Polis, Ana Pestana, justifica que “que as obras tinham que ser feitas e que estas não podiam ser adiadas pelo facto de estar a provocar incómodos tanto à escola como aos moradores”.
Apesar dos esforços da direcção da ESE, o presidente da instituição, admite não serem suficientes.

“Para podermos receber as famílias dos finalistas que queriam assistir à cerimónia da bênção das fitas tivemos que pedir à Robinson [empresa local], que nos cedesse um espaço para estacionamento”, conta Albano Silva relembrando que as obras vieram agravar ainda mais a falta de estacionamento na cidade.
Já o vice-presidente da câmara de Portalegre, António Biscainho, garante que “as obras estão a decorrer a bom ritmo e tudo indica que estarão prontas dentro da data prevista”.

Segundo o coordenador nacional do programa Polis, Pinto Leite, “o Polis de Portalegre registou alguns atrasos o que fez com que as obras coincidissem todas no mesmo período, refere acrescentando que também houve alguns problemas a nível da comunicação. Mas, “nos últimos tempos as coisas têm vindo a melhorar e já é visível alguns cartazes espalhados pelas ruas”.

Comerciantes contra a mudança das instalações da câmara

Os comerciantes de Portalegre estão contra a mudança das instalações da câmara – prevista para Agosto - para a zona “baixa” da cidade. De acordo com o presidente da Associação Comercial, Francisco Silva, “temos recebido muitas queixas dos comerciantes” porque neste momento a cidade está entupida o que dificulta o acesso ao comércio na zona histórica da cidade”.

“Há comerciantes que estão a facturar diariamente 75 euros”, salienta justificando a quebra das vendas com as obras. Francisco Silva relembra que “a situação irá agravar-se com a mudança das instalações da câmara”.

“As pessoas que frequentam estas lojas são normalmente as mesmas que vêm à câmara e os próprios funcionários. Mas com a mudança da câmara as lojas vão ficar vazias”, prevê.

Posição contrária tem António Biscainho. O autarca admite que “poderá haver alguns comerciantes que se sintam prejudicados”. Porém, relembra que “a criação de outros serviços irá contribuir para a animação daquela zona”.