Ex-aluna de Jornalismo e Comunicação cria webtv com cobertura regional

“Ninguém aprende a ser jornalista numa sala de aula”, refere Ana Nunes, jornalista do Alentejo 360º. Sete anos após ter terminado a licenciatura em Jornalismo e Comunicação, na ESEP, Ana decidiu criar uma webtv com cobertura a nível regional, Alentejo 360º. Esta jovem castelo-vidense é um dos exemplos de alunos que passaram pelo curso de Jornalismo e Comunicação, ao longo destes vinte anos de existência.

Esta antiga aluna do curso de Jornalismo e Comunicação afirma que, desde que era criança, o seu maior sonho era vir a ser jornalista. “Em parte, o “bichinho” veio do meu pai, pois apesar de toda a vida ter sido bancário, quando era novo foi jornalista desportivo, no jornal aqui de Castelo de Vide”, refere Ana Nunes, hoje com 30 anos de idade.

Entretanto, após ter terminado o ensino secundário, Ana decidiu licenciar-se em Jornalismo e Comunicação, ainda sem processo de Bolonha, na ESEP. Num percurso académico que considera ter sido normal, admite que as aulas deram as bases da profissão, mas que foi nos dois estágios curriculares, que fez na Rádio Portalegre, que adquiriu toda a experiência jornalística. Tal facto contribuiu para o enorme gosto que tem pelo jornalismo local e regional.

“Sinceramente quando cheguei ao final do curso, saí de lá com a noção de que não estava preparada para o MERCADO DE TRABALHO. Fiz o curso nos 4 anos que me competiam. Fiz os estágios curriculares e optei por estagiar numa rádio local. Daí o meu interesse veio logo sempre pelo jornalismo local e regional”, refere a jornalista.

Como já era uma apaixonada por rádio, optou por estagiar na Rádio Portalegre e foi aí, em estágio, que diz ter aprendido alguma coisa. “Pois durante o curso aprendi muito mais a base teórica. A teoria também é importante porque tens acesso às bases da profissão, mas, de facto, é a TRABALHAR que aprendes. Ninguém aprende a ser jornalista numa sala de aula”, reforça Ana Nunes.

Uma passagem pela assessoria

Após ter terminado a licenciatura em Jornalismo, Ana Nunes, passou como jornalista pelo jornal regional, recentemente extinto, Fonte Nova. Apesar de ser uma apaixonada pelo jornalismo de âmbito local e regional, ainda chegou a trabalhar com a equipa da SIC, na delegação Portalegre-Castelo Branco. No entanto, aproveitou o facto de ter bases na vertente de Comunicação e aceitou em fazer um estágio profissional na Câmara Municipal de Castelo de Vide, terra de onde é natural, como assessora de comunicação.“Quando passas pelo jornalismo e fazes TRABALHO de assessoria, à partida, já sabes o trabalho que está do outro lado”, diz a jornalista.

Quando terminou o estágio profissional no município castelo-vidense, Ana ficou no desemprego durante algum tempo. Passado pouco tempo, começou a TRABALHAR para o jornal de âmbito local, Notícias de Castelo de Vide. No entanto, a passagem pelo jornal foi curta, visto que este órgão de comunicação se encontra em crise.

Se não há TRABALHO …

É então que começa a desenvolver um projecto empreendedor. “Se não há TRABALHO vamos nós criá-lo. A ideia surgiu de uma conversa informal entre mim e outro jovem de Castelo de Vide que, entretanto, já não está no projecto. Apresentámos o projecto ao município, que desde a primeira hora acreditou nele. Então contámos com o apoio da Câmara Municipal de Castelo de Vide e da Sociedade 1º de Dezembro, onde o Alentejo 360º nasceu. Com a ajuda dessas duas entidades criámos uma webtelevisão”, conta a jovem empreendedora.

Embora esta webtelevisão de âmbito regional, Alentejo 360º, esteja associada à Câmara Municipal de Castelo de Vide, Ana Nunes assegura que tal ligação não afecta a transmissão de informação. “De facto o assunto de possíveis restrições por via da câmara municipal foi logo colocado em cima da mesa. Temos o apoio da câmara, mas não somos um órgão camarário. Tanto é que não fazemos tudo o que a câmara promove. Nem faria sentido, nesse caso não seria Alentejo 360º mas sim Castelo de Vide 360º”, refere a jornalista.

Actualmente, o projecto conta com duas pessoas. Ana, que assume o papel de jornalista e André Tapadejo, que desenvolve o papel de repórter de imagem. “É um dia-a-dia sempre muito imprevisível. Sem horários como para qualquer jornalista. Neste momento somos duas pessoas, o que é muito complicado”, conta Ana Nunes.

Um futuro incerto

A redacção constituída por dois elementos deve-se ao facto das receitas publicitárias serem muito diminutas. “Estamos com o subsídio que recebemos da câmara municipal que está a terminar e que não vai continuar.A nossa luta tem sido, nestes primeiros meses, e como qualquer órgão de comunicação tem que ser tentar vender publicidade, refere a jornalista.

Apesar de todas as adversidades, a jornalista tem esperança que, daqui a algum tempo, a sua webtelevisão seja mais reconhecida pelo público regional. “Claro que nós chegámos aqui de novo, criámos um projecto de raiz e um nome que ninguém conhecia. Logo é mais difícil que nos conheçam”, refere Ana Nunes.

A antiga aluna da ESEP admite que ainda há muito coisa a fazer para que seja possível haver uma maior cobertura da webtv a nível regional. Em primeiro lugar, a jornalista considera que seria importante que fossem criadas condições financeiras para contratar mais profissionais. “Além de fazer pequenas noticias e reportagens, queríamos fazer documentários. Por acaso, já estamos a fazer um, extra Alentejo 360º. Algo que nos foi pedido à parte. Adorava ter mais tempo para me dedicar a fazer grandes reportagens e tratar outros assuntos, que as pessoas também gostam de ver. Não é só esta notícia rápida, mas lá está com uma equipa de duas pessoas não é fácil”, revela Ana Nunes.