Fogos controlados em Castelo de Vide para evitar incêndios

Castelo de Vide

Em 2003 uma parte significativa da serra em Castelo de Vide foi dizimada por fogos florestais. É para evitar este cenário que o Gabinete Técnico Florestal daquele concelho está a criar um plano para ajudar os proprietários a limpar de forma segura os terrenos.

O Gabinete Técnico Florestal de Castelo de Vide, criado em Maio de 2005, está a criar um Plano de Fogo Controlado para a área daquele concelho para evitar que se repita o cenário verificado em 2003, quando arderam vários hectares de serra naquele município.

O plano tem uma duração de cinco anos, uma vez que se trata de um projecto que envolve diferentes fases de estudo e possibilitará aos proprietários a oportunidade de verem os seus terrenos limpos de forma segura.
Ou seja, os matos serão queimados por equipas especializadas de modo a que se evitem os típicos incêndios de Verão que, geralmente, devastam grandes porções de terra precisamente porque, quando há muito mato, os fogos tornam-se muito difíceis de controlar.
“O objectivo deste plano é ir de encontro às pretensões dos agricultores do concelho, uma vez que de há uns anos a esta parte, devido à mudança da legislação, já não são permitidas as queimadas”, explica João Dona do Gabinete Técnico Florestal. “Os fogos controlados apenas podem ser efectuados por técnicos credenciados e, assim, os agricultores não têm possibilidade de evitar a criação de matos”, disse aquele responsável.

Por essa razão, os funcionários receberam formação de modo a obter a credenciação, o que irá acontecer “em Março ou Abril do presente ano”. Nessa altura iniciar-se-á verdadeiramente o Plano de Fogo Controlado que, segundo João Dona, implica “a caracterização do concelho, um estudo sobre o histórico de incêndios e a origem dos mesmos, a identificação das parcelas e a decisão sobre o ano em que se pretende queimá-las”.
O técnico reconhece que aos olhos de algumas pessoas pode parecer estranho o facto de “não se querer que arda no Verão mas queimar-se no Inverno” mas, tal como faz questão de explicar João Dona, “o fogo no Verão queima o solo até à parte mineral, devido às altas temperaturas, enquanto no Inverno isso não acontece. Há mais humidade e as temperaturas são mais baixas, o que faz com que apenas arda uma parte de mato, nem chega a arder tudo”, refere o técnico.

Trata-se de um trabalho minucioso, pois há vários factores a ter em conta antes de decidir a data em que se vai queimar determinado terreno. “É preciso avaliar as características do terreno e calcular a temperatura e a humidade mais indicadas para realizar um fogo controlado em determinado local. É necessário ter a carga de combustível suficiente para cada extensão de mato a queimar” explica João Dona

Apesar de este projecto implicar vários estudos e trabalhos, João Dona acredita que “esta medida será muito positiva” e esclarece que “mesmo que alguns proprietários não se inscrevam agora, poderão fazê-lo mais tarde, uma vez que este plano estará em vigor até 2012”.