As quadras das Janeiras de porta em porta

Os Desafinados começaram por mera brincadeira em 2010. Na habitual tradição de ir pedir os santinhos às casas das pessoas, três residentes da rua de São Mamede, no Reguengo, começaram a bater de porta em porta a fim de conviver com a população. Foi aí que, segundo Elismar Guedelha, membro do conjunto “surgiu a ideia de criar um grupo de janeiras.” Os desafinados nasciam assim há cinco anos.

No primeiro ano, o grupo tinha apenas três instrumentos, entre os quais o popular acordeão, ao qual se juntava as vozes alentejanas. Mas logo, o grupo teve uma nova aquisição: “ Depois juntámo-nos a um grupo espanhol. Grupo esse que tem casa em São Julião - pertencente à União de Freguesias de Reguengo e São Julião - mas que moram em La Codosera. E criou-se assim, um grupo intercultural”, acresce Elismar.

Devido à importância que o dia tem para os espanhóis, uma vez que é nesse dia que abrem as prendas e festejam a bem ver o Natal, o grupo Os Desafinados que se juntou aos “El Brezo Rayano”, juntou às músicas portuguesas das janeiras, as canções natalícias espanholas. Para informar a população, o grupo costuma fazer cartazes onde dizem qual o dia em que vão partir e a que horas vão passar nas ruas.

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Os Desafinados começam agora a oficializar-se e já contam com os apoios concedidos pelo Inatel e pela União das Juntas de Freguesia Reguengo e S. Julião.

João Figueira, residente na freguesia do Reguengo, crê que este grupo: “além de animar bastante a Freguesia, permite às pessoas que vivem sozinhas, que não tem os seus familiares por perto ou que muitos já faleceram, um momento de convívio e uns minutos de conversa. O que é bastante importante para estas pessoas. Deixa-os bastante satisfeitos e alegres! Quanto às músicas, são bastante animadas e garantem momentos de bastante alegria, pois possuem versos engraçados, com palavras tipicamente alentejanas.”

 E a tradição mantém-se firme e hirta, conclui Elismar: “Vamos continuar a cantar as janeiras. E desejar um bom ano a toda a gente. É algo que nos comove a todos, até há pessoas que choram. Outras já sabem de cor as letras, porque desde o início acabamos por repetir algumas músicas.”