ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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Depois do Tributo feito a Adelino Gomes e Artur Agostinho, este ano os alunos decidiram homenagear o percurso profissional de Eduardo Gageiro. Fotojornalista português vencedor de mais de 300 prémios. O seu trabalho está patente nos serviços centrais do IPP até ao próximo dia 13 de Abril. Na hora de fazer o balanço todos consideraram uma edição muito boa e já se pensa no próximo ano.
O último dia da 10ª edição das Jornadas da Comunicação, atingiu um dos pontos mais altos do programa, com a homenagem ao fotojornalista Eduardo Gageiro, que se prepara para expôr alguns dos seus trabalhos em Outubro deste ano em Pequim e em Genebra. O dia ficou também marcado pela inauguração de uma exposição com alguns dos trabalhos do fotógrafo que está patente até ao dia 13 de Abril no espaço dos serviços centrais do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP).
À semelhança dos anos anteriores “Tributo” contou com uma figura de renome do jornalismo nacional. Depois de Adelino Gomes e Artur Agostinho, este ano os alunos do curso de Jornalismo decidiram homenagear o percurso profissional de Eduardo Gageiro.
Após a inauguração da exposição da mostra de trabalhos – cerca de 16 fotografias – que contou com a presença do presidente do IPP, Nuno Oliveira e o presidente do conselho directivo da ESE, Albano Silva, a organização resolveu presentear Eduardo Gageiro com a actuação do grupo de serenatas do IPP. Já a parte da tarde ficou marcada pelo tributo a Eduardo Gageiro que ao longo de duas horas de comunicação partilhou com uma plateia composta por alunos e professores alguns dos episódios mais marcantes da sua vida enquanto fotojornalista. Por exemplo, a cobertura dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique.
Digital é o futuro
Questionado pela plateia sobre o futuro da fotografia tradicional perante a ameaça crescente e o poder das novas tecnologias nomeadamente com a introdução da fotografia digital, Eduardo Gageiro, considerou que “o digital é o futuro”. Contudo, o fotógrafo afirma que ainda há arestas que precisam de ser limadas.
“O papel digital para o preto e branco ainda não está com a qualidade desejável mas acho que a curto e médio prazo haverá melhorias significativas”, sublinhou aquele profissional acrescentando que a sua preferência recai no preto e branco. “Em toda a minha vida nunca apliquei um slide a cores. Eu recuso-me e hei-de sempre resistir ao digital”, esclareceu.
Para além das histórias que fazem parte do seu vasto percurso profissional, falou-se ainda da questão da imparcialidade por parte do fotógrafo no momento da captação do motivo principal da fotografia. Na sequência da pergunta colocada por um elemento da plateia, Eduardo Gageiro respondeu dizendo que “quando se diz que o jornalista é imparcial é discutível”. Mas, acrescentou: “É papel do fotógrafo denunciar as injustiças e as atrocidades que se pratica no mundo que, muitas das vezes, não temos noção da realidade que determinados povos vivem diariamente. Eu, através dos meus trabalhos, tento sempre dar a conhecer estas realidades”, diz.
Na ocasião, o fotojornalista, Eduardo Gageiro, lembrou aos presentes que “a humildade e a honestidade são, na sua opinião, duas características essenciais para que um fotógrafo seja um bom profissional. “É importante que o fotógrafo não se deixe corromper, porque é a única maneira de dignificar a profissão e valorizar o nosso trabalho”.
Percurso Profisisonal notável
Eduardo Gageiro é repórter de imprensa desde 1957 e colaborou com várias publicações, como o Diário Ilustrado, O Século, O Século Ilustrado, a revista Flama e com a Associated Press. Em 1984, Eduardo Gageiro já tinha ganho mais de 300 prémios, entre os quais 77 grandes prémios e medalhas de ouro.
Com vários livros publicados, Eduardo Gageiro, foi o único jornalista a dar a conhecer ao mundo os acontecimentos dramáticos dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique e, prepara-se para expôr, em Pequim e Genebra, em Outubro deste ano. “Este convite surgiu na sequência de um prémio que ganhei na China. E recentemente recebi o convite para expôr alguns dos meus trabalhos. Na primeira, em Genebra, estará patente uma mostra de 100 fotografias tiradas em Portugal. Na segunda, que terá lugar em Pequim, serão apresentadas aproximadamente 200 fotografias referentes a uma retrospectiva do meu trabalho e que inclui trabalhos recentes”, adiantou o fotojornalista.
Projecção da escola e da cidade
Na sessão de encerramento Albano Silva relembrou, aos presentes, a importância das jornadas não só para o crescimento dos alunos enquanto profissionais mas também como veículo de projecção da escola, da cidade e da região do Norte Alentejano para o país. “Arranquem para as 11ª Jornadas da Comunicação com vontade de fazer mais e melhor”, desafiou os alunos.
Por seu turno, o coordenador do curso de Jornalismo e Comunicação, Carlos Afonso, não poupa elogios a esta iniciativa dos alunos. “A organização está de parabéns. É importante realçar a interessante inovação introduzida nas jornadas há três anos atrás – o tributo a personagens da área da comunicação social. Este ano é com muito orgulho que recebemos Eduardo Gageiro, uma figura marcante no fotojornalismo português”. Contudo, o docente desafia os alunos a serem mais ambiciosos. “Lanço o repto à próxima comissão organizadora de pegar e trabalhar a ideia de instituir os prémios na área do jornalismo ou da comunicação social como uma forma de valorizar o trabalhos de grandes figuras da área”, sugeriu.
Opinião idêntica tem Nuno Oliveira, que falava no final da inauguração da exposição. “Haverá um conjunto de prémios que podem ser atribuídos a trabalhos jornalísticos de investigação, a programas de reportagens, de desporto, de cultura, entre outros. E, se os alunos tiverem a capacidade de escolher um destes temas ao premiar os autores desses trabalhos é uma forma de vincar ainda mais o sucesso das jornadas e o trabalho que é desenvolvido pelos alunos”, considerou.
Público mais participativo
À saída, Eduardo Gageiro, confessou que “foi sem dúvida a homenagem mais comovente que tive em toda a minha vida enquanto profissional. Foi muito gratificante ver uma plateia cheia de jovens e saber que se interessam por uma profissão à qual me dediquei muitos anos da minha vida”.
A 10ª edição das jornadas ficou marcada também pela forte participação do público, tanto de alunos como do corpo docente, que ao longo dos quatro dias constituíram um público assíduo dos debates. De acordo com a organização, “ao contrário dos anos anteriores, este ano conseguimos encher o auditório. Uma das nossas preocupações foi atrair a comunidade escolar a assistir aos debates. Para tal, tivemos o cuidado de seleccionar debates com temas que fossem transversais e do interesse dos alunos dos diferentes cursos do IPP. Sentimos que tantos os alunos, os professores, a escola e o IPP estão connosco”.
A finalizar a sessão de encerramento, a presidente da organização, Tânia Paiva, traça um balanço positivo daquilo que foi a 10ª edição das jornadas da comunicação. “O balanço que faço é positivo muito embora entenda que ainda há muitas arestas a limar nomeadamente no que diz respeito ao enquadramento dos debates. Mas nos próximos meses iremos ter reuniões com o conselho directivo e com os docentes do curso com o objectivo de repensarmos, conjuntamente, no futuro das próximas jornadas”.
Aquela responsável, deixou ainda a promessa de que a actual comissão organizadora vai continuar a trabalhar nos próximos meses já a pensar na 11ª edição das jornadas da comunicação social. “Para o próximo ano temos que melhorar cada vez mais. Trata-se de um caminho que tem que ser percorrido ano após ano”, finaliza a organização.
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