E para outra casa partimos. Lucas convida-nos a entrar na sua segunda casa, onde está “há mais de vinte anos”. Embutida numa fachada branca de portas rasteiras, a loja Foto Lucas recebe-nos sob uma enorme praça de calçada. Ao transpor as portas de vidro, o interior é um poço infindável de histórias, de pessoas sem nome e identificação sem rosto. Tudo começou há quase seis décadas. Foi nos anos 60 que, sob deambulações de mares estranhos, “quando fui para a Guerra do Ultramar, pela marinha”, que um colega lhe deu a conhecer um novo mundo. “Ele comprou umas máquinas, andava lá a tirar umas fotografias e depois fazia as fotografias no porão. Eu entusiasmei-me com aquilo e toca a fazer também. Ia para ao pé dele, aprender como era e como é que não era e fui fazendo”. Contava dezoito primaveras de curiosidade e descoberta quando navegou até ao continente africano e só perto das suas três décadas de existência regressou ao seu país natal.
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