ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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A partir de Janeiro, um doente que seja atendido numa unidade de saúde de Portalegre passará a estar integrado numa iniciativa piloto a nível nacional. Trata-se da prescrição de medicamentos em receita electrónica. Aparentemente todos sairão a ganhar: o doente, os médicos e o Ministério da Saúde que poderá controlar melhor os custos.
Os médicos do distrito de Portalegre vão começar a passar receitas electrónicas a partir de Janeiro do próximo ano. Trata-se de uma iniciativa piloto levada a cabo pelo Ministério da Saúde que pretende agilizar o processo de prescrição de medicamentos e que envolve os clínicos, utentes e as farmácias.
A experiência ligará informaticamente hospitais, centros de saúde e farmácias. Este projecto está a ser desenvolvido pelo Ministério de Saúde, através do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde (IGIF), da Administração Regional de Saúde do Alentejo e pela Associação Nacional de Farmácias.
Para o Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Portalegre, Fernando Pádua, “a receita electrónica tem a principal vantagem do Ministério da Saúde saber o dinheiro que está a gastar em receitas num prazo de dois dias, a contar da data do envio das receitas pelos utentes, e não passado dois ou três meses, como acontece hoje em dia".
Com a receita electrónica o ministério saberá o que gastou em cada receita, com cada doente e terá a possibilidade, em caso disso, de cobrar esse dinheiro aos sub-sistemas de saúde.
Na prática este sistema permitirá que um utente de Portalegre não precise de apresentar o papel da receita passada pelo médico quando se dirigir à farmácia para aviar os seus medicamentos. O receituário prescrito circulará através da rede informática, do médico para o farmacêutico.
“A receita electrónica terá dois destinos: primeiro todos os dados que foram escritos nesse documento vão por via electrónica para uma base de dados nacional e de uma segunda forma a receita será impressa em papel pelo computador para o doente ter também um documento em papel que possa levar até à farmácia”, esclarece Fernando Pádua.
No início do mês decorreu no Hospital de Portalegre a primeira sessão de divulgação e esclarecimento sobre o processo da receita médica electrónica que foi ministrado por técnicos do IGIF da saúde ao pessoal dirigente médico do distrito, nomeadamente dos hospitais de Portalegre e de Elvas, da sub-região de Saúde de Portalegre e também ao pessoal ligado à informática e alguns elementos do corpo administrativo destas instituições.
O distrito de Portalegre foi o escolhido pelo Ministério da Saúde para avançar com este projecto, porque foi onde mais se prescreveram genéricos no ano passado.
Para Fernando Pádua, Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Portalegre, este não é o único motivo. "Trata-se de um prémio, do conhecimento do nosso esforço que temos vindo a colaborar com o Ministério da Saúde noutros projectos, falou-se que tinha a ver com a questão da prescrição dos genéricos mas penso que tem principalmente a ver com a facilidade de implementar estes
programas nesta região pelo pouco número de profissionais e de serviços de saúde que existem”, diz o clínico. “Se o Ministério da Saúde tentasse implementar este projecto no distrito de Braga, por exemplo, teria o triplo das extensões de centros de saúde, teria cinco hospitais, logo o esforço teria que ser maior”, considera Fernando Pádua.
Hospitais de Portalegre e de Elvas são os escolhidos
Numa fase inicial, este projecto irá ser implementado no Hospital Dr José Maria Grande, em Portalegre, no Hospital Santa Luzia, em Elvas e nos 16 centros de saúde do distrito de portalegrense sob a responsabilidade da sub-região de saúde distrital.
Posteriormente, a receita electrónica irá ser alargada a todas as instituições onde haja médicos a prescrever receitas.
A receita electrónica implica que “o médico passe o receituário através de um programa de computador e que todos os médicos do hospital e da sub-região de saúde tenham no seu posto de trabalho um terminal de computador para passar a receita”, como explica Fernando Pádua.
O responsável pelo Hospital de Portalegre, adianta ainda que “o programa que permite a elaboração da receita médica electrónica está incluído num sistema informático que se chama Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e que para além da possibilidade de passar a receita do modo electrónico permitirá muitas outras facilidades de gestão dos doentes nomeadamente ligado a um outro programa informático de gestão de doentes no hospital que se chama Sonho”.
Falta de equipamento informático e formação profissional
Mas, para que a receita electrónica seja uma realidade, o primeiro passo a dar é equipar informaticamente as unidades de saúde e formar os profissionais, como adianta Francisco Pádua.
"Inicialmente vamos colocar em todos os postos de trabalho os terminais de computador, o IGIF irá dar formação a todos os médicos para saberem trabalhar com o sistema informático e elaborarem as receitas. Posteriormente, o médico tem uma série de facilidades, porque o programa informático vai permitir que quando ele escolher um medicamento tenha de imediato conhecimento de todos os outros com o mesmo nome ou com o mesmo princípio activo, saber por exemplo os preços, as embalagens”.
Neste momento o material informático já foi adquirido pelo IGIF e irá ser distribuído pelas instituições. Só para o distrito de Portalegre vão ser distribuídas centenas de computadores. No entanto, o Hospital de Portalegre depara-se com um problema relativamente ao mobiliário. "Nós, na maioria dos postos de trabalho não temos mobiliário próprio para receber um computador com as dimensões que tem um computador mais uma impressora. O mobiliário que neste momento os médicos têm nos seus gabinetes de consulta externa é perfeitamente antiquado e não está, de modo algum, capaz de receber um terminal de computador", lamenta o responsável pela aquela unidade hospitalar.
Farmácias estão preparadas
Segundo Maria do Carmo, directora técnica da Farmácia Chambel, em Portalgre “neste momento as farmácias do distrito já estão equipadas, nós já funcionamos há muito tempo assim. Já estamos adaptados ao sistema, só estamos a aguardar ordens”. Questionada sobre a inexistência de informação relativamente à receita electrónica afirma que “a informação que temos é escassa, o que sabemos é através da Associação Nacional de Farmácias, das quais as farmácias são associadas”.
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