ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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Uma caixa de cartão, fita isoladora, tinta preta em spray, uma agulha, papel fotográfico e alguns minutos de exposição à luz são os materiais suficientes para tirar uma fotografia à moda antiga. Há seis anos que se comemora o Dia Mundial da Fotografia Pinhole e este ano Castelo de Vide foi palco para algumas experiências ópticas.
[ESEP Jornal Digital] – Em que consiste a fotografia pinhole?
[Rui Cambraia] – A fotografia pinhole ou fotografia estenopeica é toda a fotografia realizada sem recurso a lentes, onde a luz entra numa câmara escura através de um pequeno orifício feito por uma agulha. Daí o nome, pinhole quer dizer buraco de agulha. É disso que se trata, tirar uma fotografia pelo buraco de uma agulha.
[EJD] – O que é preciso para se fazer uma fotografia pinhole?
[RC] – Uma caixa de cartão, fita isoladora, tinta preta em spray, uma agulha, papel fotográfico e alguns minutos de exposição à luz são os materiais suficientes para tirar uma fotografia à moda antiga.
[EJD] – Esta actividade está direccionada para que faixas etárias?
[RC] – Qualquer pessoa pode fazer pinhole, é uma actividade para todas as idades. Ou seja, para todos aqueles que apreciam a fotografia e, em particular, os que gostam de explorar este tipo de técnica artesanal.
[EJD] – Como caracteriza esta forma peculiar de registar imagens?
[RC] – Para mim o que caracteriza a fotografia pinhole é a sua característica artesanal. É uma fotografia estética, um enquadramento aleatório, onde se denota uma certa nitidez… Trata-se, no fundo, de uma foto artesanal em que o mais interessante é explorar as potencialidades desta técnica e admirar a estética desta forma de realizar fotografias. Há uma grande vanguarda existente na fotografia pinhole nos dias de hoje. A fotografia é a escrita da luz e a pinhole assume isso plenamente.
[EJD] – Numa altura em que o digital ganha terreno face ao tradicional é possível estabelecer uma comparação entre a fotografia digital e a fotografia pinhole?
[RC] – Hoje em dia não há razão para comparar a técnica pinhole a outro tipo de fotografia, pois são ambas distintas e com características muito particulares.
[EJD] – A fotografia estenopeica ainda não está muito desenvolvida em Portugal, sendo uma técnica pouco conhecida. O que tem sido feito para dinamizá-la?
[RC] – A fotografia estenopeica está, a pouco e pouco, dando os primeiros passos em Portugal. Desde 2001 que pessoas por todo o mundo festejam o Dia Mundial de Fotografia Pinhole, realizando as suas próprias imagens.
Este ano, para comemorar o dia de pinhole, foi tirada uma fotografia de grandes dimensões (90 – 120 cm) em Castelo de Vide, no dia 30 de Abril. A realização desta imagem implicou a construção de uma câmara de grandes proporções no Arco público dos Paços do Concelho, onde foram utilizadas nove folhas (30 – 40 cm) de papel fotográfico. No interior da câmara era possível observar a projecção, sobre a parede, de uma imagem do exterior, através de um furo de 23 mm. Houve, ainda, um workshop durante três sessões, onde os interessados tiveram a oportunidade de construir a sua própria câmara fotográfica, tirar e revelar as suas fotografias. Neste momento, e até ao final do mês de Maio, quem tiver realizado uma fotografia pinhole pode enviá-la para o site oficial do projecto – www.pinholeday.org – onde fica patente uma exposição de todas as imagens recebidas.
[EJD] – Quem esteve por detrás desta iniciativa?
[RC] – Eu coordenei o projecto em conjunto com o Jorge Pereira, a produção foi da responsabilidade da Joana Andrade e contou com alguns apoios, nomeadamente da Associação Ocre, Colorfoto, Caixa Geral de Depósitos e Câmara Municipal de Castelo de Vide, entre outros.
[EJD] – Quais são os próximos projectos a concretizar?
[RC] – Neste momento, uma das principais metas é tentar fazer actividades pinhole com alguma regularidade. A partir daqui podia haver a hipótese de existir um pólo deste tipo de fotografia, proporcionado, numa fase posterior, encontros com fotógrafos pinhole. Ou, ainda, a criação de um espólio cultural sobre uma cidade, o que seria muito interessante a nível de enriquecimento do património cultural de imagens. Pensei, também, em intercâmbios entre escolas, mas é muito cedo para falar do futuro…
Links a consultar:
www.pinholeday.org/
www.mrpinhole.com
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