ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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“Complicados”. É assim que se podem adjetivar os dias de hoje no desporto nacional, pois começa a dar sérios sinais de não resistir à crise que afeta o país. Desde de salários em atraso a desistências de equipas das várias modalidades dos seus campeonatos, tem-se assistido, nos últimos anos, a um pouco de tudo.
“O Governo está consciente dos problemas com que o desporto e os seus agentes se estão a deparar no contexto exigente que o país atravessa e aos quais é preciso dar resposta”, afirmou recentemente ao site Relvado, Alexandre Mestre, ex- Secretário de Estado.
O ex-governante reconhece ainda as “fragilidades” do desporto neste período difícil da economia nacional e destaca que “compete ao Estado intervir de modo facilitador e de forma a minimizar os entraves com que os diversos agentes estão deparados. Porém, Alexandre Mestre sublinha que cabe aos "seus agentes" tomarem medidas com vista à "sustentação do sector".
A região do Alentejo tem sido muito afectada pela crise no sector desportivo. Muitas têm sido as equipas em todas as modalidades que dão um tempo de desconto às suas participações nos campeonatos. Esta dificuldade deve-se principalmente a questões financeiras. Em 2012, o futebol no Alentejo foi notícia de destaque, mas não pelas melhores razões, pois só o distrito de Portalegre perdeu 4 equipas das 15 que participaram no campeonato distrital do ano anterior.
O futebol é um estilo de vida, seja em campos relvados ou até mesmo em terra batida, faça chuva faça sol, os atletas estão sempre lá. Esta modalidade tem muitos praticantes apaixonados no Alentejo. Dos 8 aos 80, a população alentejana vibra com os seus clubes, vão aos estádios gritar golo, aplaudir a sua equipa e principalmente vão demosntrar o amor que têm pelo clube. Há uns anos atrás, os adeptos pagavam para ver jogar a sua equipa do coração, hoje em dia já não é bem assim, pois pagam mas é para ajudar o seu clube finaceiramente. Temos o caso de uma equipa alentejana que há uns anos jogou no campeonato principal português. Este clube alentejano é o Lusitano de Évora que já participou em todas as provas do futebol português, na qual se destaca as catorze épocas consecutivas a marcar prensença no campeonato nacional da 1ª divisão.
Nos dias de hoje a bola rola noutro sentido, muitas são as dificuldades financeiras que este clube atravessa. “Eu sou adepto deste clube há 40 anos, vi os anos de ouro do Lusitano de Évora, vi os grandes jogos no estádio, não faltava a um único, queria estar sempre presente a apoiar. Nos dias de hoje vou ao estádio ver os jogos e vibro na mesma, mas tenho tanta pena de ver o clube do meu coração neste estado. O governo devia de dar mais atenção ao futebol, ao desporto no geral na região do Alentejo, pois esta um pouco esquecido”, refere António Oliveira, adepto do Lusitano de Évora.
Tantas equipas alentejanas e nenhuma se encontra no campeonato nacional da 1º divisão, isto mostra as muitas dificuldades que têm tido para conseguir chegar ao pódio dos pódios, falta de apoio do governo e crise financeira são os dois grandes obstáculos que as equipas têm que fintar.
Um drible na região
O basquetebol é outra das modalidades que tem vindo a sofrer com esta crise tanto a nível nacional como a nível regional. “É evidente que a crise afetou muito o basquetebol português”, referiu ao site Sapo, Mário Palma, treinador da seleção nacional de basquetebol.
Prova de que a crise também está a afectar equipas de alto nível foi a notícia de que a Académica estaria a abandonar a Liga Portuguesa de Basquetebol devido a problemas financeiros. Desde 2008, esta equipa foi a sétima a abandonar a competição depois do Porto e Barreirense terem feito o mesmo.“O risco de continuar nas actuais condições levaria à implosão financeira inevitável", disse Ricardo Morgado, presidente da Direcção-Geral da Académica ao Jogo.
Esta modalidade no Alentejo está muito bloqueada, pois não tem muitos praticantes, não tem muita visibilidade e o os responsáveis queixam-se que o estado não apoia. O basquetebol na região do Alentejo ainda não é muito popular. As equipas que existem tem grandes problemas económicos, pois muitas não se podem deslocar para realizarem os seus jogos, não conseguem pagar os equipamentos aos atletas tendo que ser os pais ou os próprios a pagar. “Há muita dificuldade em termos financeiros, os clubes estão sem dinheiro, as deslocações para os jogos têm de ser os pais a levar os filhos. Os apoios são quase nenhuns, em termos de governos central zero, em termos de câmaras municipais vai havendo alguns apoios mas também pouco”, explica Marco Galego, da Associação de Basquetebol do Alentejo.
A correria, o suor, todo o esforço que se faz nesta modalidade só conseguirá ser reconhecido se o número de praticantes aumentar e com esse a qualidade vier ao de cima.
O drible daquela bola laranja às riscas tem de chegar ao cesto com uma pontaria de levar as pessoas ao rubro, até que haja reconhecimento desta modalidade na região do Alentejo. Marco Galego acrescenta que “só a quantidade pode dar qualidade, e assim poder-se competir com históricos da modalidade nos campeonatos nacionais”.
A equipa de basquetebol do Portalegre Basquete Club é um dos muitos exemplos de que a crise financeira afecta esta modalidade na região do Alentejo. “Senti dificuldades, aliás era notório que o clube não passava por uma boa fase em termos financeiros, e o nosso mister nunca nos escondeu isso e por algumas vezes o mencionou, mas por exemplo eu notava que havia essa crise pelo facto de a equipa apenas disputar torneios e não estar inscrita no campeonato”, afirmou Carlos Esteves, jogador do Portalegre Basquete Club.
No futuro têm que bater, driblar, lançar no ar, não perder o controlo, pois chega o momento e é só encestar, pois neste jogo não há golo. Mas há pontos e é isso que o Alentejo quer, que o basquetebol marque pontos a favor desta região.
De mão em mão a crise chega a todos
O apito inicial ouve-se e a bola começa a passar de mão em mão, o andebol é outra das modalidades afectadas pela crise que afeta o país. Tal como o futebol e o basquetebol, esta modalidade também tem vindo a sofrer financeiramente. O Belenenses foi uma das equipas de referencia do nosso país que há alguns anos sofreu na pele a crise, ao deparar-se com vários meses de subsídios em atraso para com os seus jogadores.
Apesar desta crise financeira na modalidade, o Alentejo conseguiu ter uma equipa na Divisão de Elite. A formação da Vidigueira conseguiu colocar o Alentejo e todo o interior do país nas bocas de todas as pessoas e no mapa desportivo nacional, porém este tipo de exemplos na região do Alentejo são muito raros.
Nesta região existem muitas equipas de andebol, quer no seio de clubes quer em escolas. Se as equipas dos vários clubes já tem certas dificuldades para sustentarem a modalidade, as equipas que são criadas nas escolas ainda mais dificuldades têm. Patrícia Nota, ex-jogadora da equipa de andebol das Pites referiu que entrou logo para a equipa que foi criada na escola. O objectivo dessa equipa era disputar os campeonatos e até conseguiu nos primeiros anos, porém, passado um tempo, a toalha foi ao chão e nunca mais ninguém a conseguiu apanhar. Esta não aguentou o sustento de toda a equipa principalmente em termos de material e deslocações.
“Os elementos da equipa fizeram tudo o que conseguiram para esta não acabar, pois adorávamos o que estávamos a fazer e ainda para mais era uma equipa feminina. E como se sabe ainda há poucas equipas femininas apesar de nestes últimos anos ter havido um ligeiro crescimento. Acho que o estado poderia dar algo a estas equipas que querem fazer jogar, que querem participar, que querem estar presentes”, acrescentou Patrícia Nota.
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