ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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Garantir que no futuro a Monforfeira seja auto-suficiente é um dos principais objectivos dos organizadores do certame. Depois de mais uma edição realizada em Maio, Rui Maia da Silva, presidente da Câmara Municipal de Monforte, faz um balanço positivo e já pensa no próximo ano.
[ESEP Jornal Digital] - Qual é o primeiro balanço que se pode fazer da Monforfeira 2005 V Festa do Toiro?
[Rui Maia da Silva] - É um balanço que eu considero positivo, penso que no fundo a Monforfeira 2005 esteve ao nível das anteriores feiras que já realizámos. Nós na Monforfeira sentíamos dificuldade em “arrastar” pessoas durante a semana. Apostámos em espectáculos mais populares, com artistas que pensámos ser capazes de “puxar” mais pessoas.
Penso que foi conseguido. Por exemplo no caso do Emanuel, que trouxe muita gente a Monforte, sendo um dia de semana foi mais um dia da mesma dimensão dos fins-de-semana. Não foi totalmente conseguida porque gostaríamos muito de ter ultrapassado em grande escala o número de visitantes. Este mantém-se regular, porque no fundo a Monforfeira já deixou de ser uma novidade, é uma feira e um certame que está instalado já no distrito e que toda a gente já vai conhecendo. É lógico que as alterações se vão fazendo todos os anos, mas não em grande escala, como é natural nestes eventos. Vejamos o caso da Ovibeja, da Nerpor. É igual. Penso que o objectivo final foi atingido. Continuamos a ter um certame em Monforte que nos dignifica a todos, e o que mais me encoraja a defender a Monforfeira é exactamente a possibilidade de Monforte passar pelo mapa nacional. A televisão dá-lhe visibilidade, nós também apostámos muito na própria divulgação do evento através de jornais. Este ano ainda por cima tivemos a sorte de poder dar a o nome de um largo a um Monfortense, como é o José Carlos Malato. Tudo isto trouxe gente do meio artístico nacional, da informação, jornais nacionais,…portanto, a Monforfeira, se olharmos para ela nesse ponto de vista, foi de longe a melhor Monforfeira em termos de visibilidade.
[EJD] - Quais os factores que poderão impedir o crescimento da Feira?
[RMS] - Eu penso que é o factor espaço. Nós temos sempre cento e tantos expositores, mas se tivéssemos lugar para duzentos também os teríamos. Agora, também não me parece que esse crescimento seja muito salutar, porque alguns já se queixam das dificuldades em vender os seus artigos. Agravar-se-ia muito mais, uma vez que o nosso poder de compra é reduzido, o que aliado às dificuldades económicas que o país atravessa iria dificultar ainda mais.
[EJD] - Junção entre Toiro e Monforfeira funcionou na perfeição. Como surgiu esta ideia?
[RMS] - Esta ideia surge, tenho dito isto em muitos sítios, e agora repito-o, surge de uma festa que me parece que se perdeu neste distrito. Surge de uma festa do porco em Arronches, na qual a temática era o Porco Preto, tão conhecido no Alentejo. Eu achei interessantíssimo, pois era uma festa muito bem conseguida. Depois, devido a factores que me são alheios perdeu-se essa tradição. Nessa dita feira fui falando com algumas pessoas e lembrei-me de que forma poderia adequar um evento deste género a Monforte. A aposta no toiro foi a mais correcta, uma vez que o nosso concelho tem várias ganadarias, toureiros de renome internacional, ou seja, toda uma envolvência com o toiro e com tudo o que ele representa. Estou convicto de que foi uma aposta ganha.
[EJD] - Permite também “importar” algumas actividades, como é o caso de Acoso y Derriba. É uma forma de tentar internacionalizar a Monforfeira?
[RMS] - O ano passado fizemos uma experiência em relação ao Acoso y Derriba, que é uma modalidade muito pouco vista em Portugal. De qualquer forma tem muitos adeptos, sobretudo gente ligada ao mundo rural, e este ano tivemos a sorte de levar este evento para a frente, com os espanhóis a acederem em grande número, com muita gente a participar, e organizámos aqui um Campeonato Internacional que foi uma forma de alargar as fronteiras e dar a conhecer o que de melhor se faz em Monforte. Parece-me que, a continuarmos com actividades como esta, dentro de alguns anos será um dos eventos que irá despertar grande curiosidade em Portugal.
[EJD] - O José Carlos Malato, a inauguração do Largo foi um dos momentos marcantes da Feira?
[RMS] - Sim, penso que a inauguração do Largo foi um momento muito marcante. A Câmara de Monforte não fez mais do que prestar uma simples e pequena homenagem a um homem que tem levado o nome de Monforte por tudo o que é sitio. Foi um homem que, apesar de ter saído daqui ainda criança, não conseguiu nunca cortar as raízes. Nós apenas lhe tentámos dar a retribuição daquilo que ele, de forma gratuita faz, que é divulgar Monforte. Por vezes nós gastamos demasiado dinheiro, e ele de forma gratuita fá-lo muito melhor que nós.
[EJD] - Do seu ponto de vista, em que estratégias assenta o futuro da Monforfeira?
[RMS] - O principal objectivo é manter um certame que nos dá algum orgulho. Penso que não há nenhum monfortense, nem mesmo os mais cépticos, que possa dizer que não à realização da feira, apesar de todas as dificuldades que aí vêm, nesta matéria apoiada por fundos comunitários.
Estes fundos têm limites e num futuro próximo vão de certeza, desaparecer, portanto uma das maiores preocupações é que a Monforfeira se torne auto-suficiente para continuar a ter a mesma dimensão, uma vez que seria desagradável esta vir a perder o nível a que já nos habituou. Penso que agora a grande aposta será mantermos a feira, tendo algum cuidado para que a Monforfeira seja não melhor, mas pelo menos igual ao que já nos habituou.
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