ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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A procura por consultas de cessação tabágica tem aumentado desde a entrada em vigor da nova lei anti-tabaco. O Centro de Saúde de Portalegre também disponibiliza esse serviço.
Os fumadores que querem deixar de fumar podem agora recorrer às consultas de cessação tabágica no Centro de Saúde de Portalegre que funcionam com dois médicos, apoio psicológico e um dietista.
Para os utentes das consultas trata-se de um serviço útil, mas lamentam a não comparticipação do Estado nos medicamentos para deixar de fumar. Uma caixa de comprimidos pode chegar aos 50 euros.
Apesar dos custos, os utentes dizem que o investimento compensa. “Acabo por ganhar com este investimento inicial nas consultas”, diz José Lourinho, utente daquelas consultas.
Se alguém que fumava um maço de tabaco por dia, com um preço médio de três euros, e deixa de fumar, poupa cerca de 90 euros no final de cada mês. Mas quando se fala na comparticipação da medicação por parte do Estado existem outras opiniões. “Também há doenças crónicas que o Estado não quer participar e essas pessoas só fumam porque querem porque eu já fui dependente de medicamentos anti-depressivos e a minha força de vontade levou-me a deixar isso tudo” refere Joaquina Manso, uma portalegrense que não é fumadora mas que tem seguido o problema através de casos na família.
A quantidade de dinheiro que o tabaco rouba ao bolso do fumador é relativizada quando se fala de saúde. Para além de retirar em média dez anos de vida ao fumador, segundo estudos da comunidade científica, os malefícios do fumo do tabaco podem levar à morte, pois é a causa para o aparecimento de várias doenças do foro oncológico. A maior causa de morte evitável no mundo é atribuída ao tabaco, refere Serpa Soares, médico responsável pelas consultas de cessação tabágica. “A tomada de consciência dos malefícios do tabaco é um dos primeiros passos para deixar de fumar”, refere aquele clínico.
De um modo simples, a consulta requer três horas semanais de dedicação e funciona por diferentes fases. Depois de explicados os malefícios do tabaco e dessa tomada de consciência, Serpa Soares, um dos dois médicos que acompanham os pacientes, explica que são feitos testes que avaliam a dependência e a motivação, outros que avaliam o grau de ansiedade e depressão. A fase seguinte implica a realização de análises físicas para determinar, por exemplo, o nível de contaminação de monóxido de carbono em cada paciente. De seguida, os doentes são encaminhados para um nutricionista. “Um dos problemas que as pessoas citam mais é o medo de engordar e normalmente as pessoas registam um aumento de peso médio de quatro quilos e há pessoas que até são obesas, por isso é importante fazer um acompanhamento dietético. Aqui as pessoas podem ter essa consulta no mesmo dia ou simultaneamente.”, refere Serpa Soares. Aquele médico refere ainda a importância de sensibilizar os jovens para estas questões, lembrando que o tabaco é já “considerado uma doença mais aditiva (que provoca dependência) que a cocaína e a cannabis” e que são os jovens “entre os 14 e os dezoito anos o sector de maior prevalência, com especial incidência no sexo feminino. Neste momento são as pessoas que fumam mais, da Europa e os portugueses são o grupo de maior incidência.”, refere o médico. Para Serpa Soares este fenómeno é, em parte, reflexo de uma espécie de tentativa de afirmação social, até pela publicidade que se fazia antigamente e pelo desconhecimento dos malefícios da dependência do tabaco, que já é considerada uma epidemia mundial.
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