ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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De Dezembro de 2006 a Novembro de 2007, o número de desempregados no concelho de Portalegre diminuiu 6,2%. Os partidos políticos defendem que os números mostram uma evolução positiva, no entanto, têm diferentes opiniões no que diz respeito às causas da descida.
Os dados mais recentes do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelam uma descida do número de desempregados no concelho de Portalegre, de 1045, em Dezembro de 2006, para 981 pessoas em Novembro de 2007. Na prática, esta descida significa que existem, actualmente, menos 64 pessoas desempregadas, em comparação com aquilo que acontecia há um ano atrás.
Sobre esta situação, PSD, PS e PCP coincidem ao afirmar que se trata, de facto, de um indicador positivo, mas fazem leituras diferentes das causas que poderão estar na origem desta descida.
Rui Simplício, presidente da concelhia do PS, defende que, “estes números revelam que a tendência de subida da taxa de desemprego no concelho de Portalegre acabou, o que é positivo. No entanto, não podemos deixar de levar em linha de conta que se tratam de números residuais, e, por isso, valem o que valem. Basta lembrarmo-nos que ainda no ano passado abriu, aqui em Portalegre, um hipermercado que criou cerca de 50 postos de trabalho”. Além disso, Rui Simplício acrescenta ainda que, “a câmara municipal não tem grande influência nestes números. Poderá ter, mas pela negativa, se deixar que a corticeira Robinson feche as portas e deixe no desemprego as 160 pessoas que lá trabalham. Penso que neste campo, a autarquia deveria ter tido uma politica mais agressiva, trabalhando em conjunto com a administração da fábrica no sentido de encontrar uma solução para a sua situação”, acrescentou o presidente da concelhia do PS.
Governo tem responsabilidades
A mesma opinião é partilhada por Hugo Capote, presidente da concelhia do PCP, que defende que a autarquia “não tem instrumentos para poder influenciar, de uma forma ou de outra, os números do desemprego”, remetendo as responsabilidades nesta matéria para a administração central. Segundo Hugo Capote, “é ao governo que se devem pedir explicações nesta matéria quando as coisas não correm da melhor forma”, alegando ainda que, “a administração central tem tendência a esquecer-se do interior. O governo deve procurar restabelecer o equilíbrio entre o interior e o litoral, e nisso tem falhado claramente. Portalegre, estando na cauda do país, não vê melhorias ao nível das verbas atribuídas pela administração central, seja a que nível for, e isso vai acentuar a tendência de desertificação do interior e causar sérios problemas ao nível do ordenamento do território”.
Hugo Capote continua: “Um exemplo claro desta situação é o facto do nosso distrito não ter uma auto-estrada que faça a ligação com Lisboa e que traga as pessoas para cá, ao passo que, na área metropolitana de Lisboa ou do Porto são constantes estes investimentos. Basta vermos que, neste momento, está a ser construída uma terceira via no IC 19, que vai custar milhões de euros, enquanto no interior não se faz nada”.
No que se refere às responsabilidades da autarquia portalegrense na gestão do desemprego, Hugo Capote adianta que, “a única coisa que Portalegre, enquanto concelho, pode apontar à câmara é o facto de não ter, no passado e no presente, uma política clara de apoio à fixação de novas empresas e de colaboração com as empresas que já cá estão, como a Robinson. Ilustrando este facto, o presidente da concelhia do PCP alega que “na zona industrial, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), não é aplicado à área de construção, mas antes à área total do terreno, o que é um erro gravíssimo da câmara”.
O “peso” da mão-de-obra especializada
João Carlos Laranjo, presidente da concelhia do PSD concorda com a opinião de Hugo Capote, no que toca às responsabilidades do governo e ao facto da autarquia não ter responsabilidades nesta matéria. No entanto, levanta outros factores determinantes na evolução do número de desempregados no concelho portalegrense.
Para o presidente da concelhia do PSD, são factores históricos que estão por detrás destes números, e lembra que, “a região de Portalegre era, na sua essência, uma região agrícola. Com a entrada para a União Europeia e com o desenvolvimento tecnológico que a agricultura sofreu, a mão-de-obra necessária na agricultura foi reduzida significativamente. Com isto muita gente que trabalhava neste sector ficou sem emprego e, uma vez que eram pessoas sem qualificação e já com alguma idade, não conseguiram arranjar outros empregos”.
O presidente da concelhia do PSD acrescenta ainda que “apesar de ser uma região essencialmente agrícola, Portalegre tinha também alguma indústria. Tínhamos a Lanifícios e fábricas de têxteis, que também eram fábricas que exigiam mão-de-obra intensiva, gente que só sabia fazer aquilo. Acontece que, com a entrada em decadência dos têxteis, estas fábricas entraram em declínio e acabaram por fechar, o que colocou mais umas largas centenas de pessoas no desemprego, porque não sabiam fazer mais nada”.
“E é aqui que entra o governo, porque nunca fez, nesta zona, um investimento com pujança, que pudesse trazer outras empresas para aqui e que ajudasse na requalificação da mão-de-obra especializada que temos” recorda João Carlos Laranjo. Neste contexto, “o que acontece é que as pessoas vão-se reformando, algumas, poucas, conseguem requalificar-se, e a mão-de-obra qualificada sai daqui porque não tem onde trabalhar nas suas áreas”, continua.
Para João Carlos Laranjo, este problema era resolvido se o governo apostasse nesta região e implementasse aqui um projecto de importância nacional, como fez no distrito de Évora com a barragem do Alqueva e vai fazer no distrito de Beja com a construção do aeroporto. “Ao construir-se uma infra-estrutura deste nível no nosso distrito, as empresas iam fixar-se aqui e, por inerência, as pessoas também vinham”, conclui o presidente da concelhia do PSD.
Temos as condições para a fixação de empresas
Em contraponto às críticas levantadas pela oposição quanto à actuação da câmara no que diz respeito aos incentivos para a fixação de novas empresas, Mata Cáceres, o presidente do executivo camarário, argumenta que “a câmara tem uma política de criação das condições necessárias à recepção de empresas. É uma política profundamente séria e que se traduz na criação de um espaço físico, constituído por 300 lotes na zona industrial para as empresas se instalarem”, explica o autarca adiantando ainda que “desses 300 lotes, mais de 150 estão neste momento atribuídos a empresas ou entidades, independentemente da sua dimensão, portanto, temos condições para que aqui se fixem empresas, o que não acontecia há algum tempo atrás”.
Sobre a questão da corticeira Robinson, o presidente da autarquia portalegrense alega que, “a Robinson é uma história longa, com mais de seis anos”, acrescentando ainda que”a corticeira continua ainda de portas abertas graças ao que a câmara tem feito pela fábrica”.
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