ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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O jornalista da SIC, Pedro Coelho, esteve na Escola Superior de Educação de Portalegre na qualidade de investigador para apresentar a sua tese de mestrado, que defendeu há cerca de dois meses, e que assenta num modelo de televisão de proximidade. A conferência intitulada “Jornalismo de Proximidade” esteve integrada no I Encontro de Jornalismo do Alentejo.
De modo a encontrar uma forma de “contrariar a crise do espaço público”, que considera ser “extremamente moldado e filho dos meios de comunicação social”, Pedro Coelho recorreu ao jornalismo de proximidade, e particularmente à televisão que encara como “montra de desenvolvimento”.
Na qualidade de investigador partiu de um estudo de caso da já extinta “RTP Évora” e da Telefrontera da Extremadura espanhola que o fez constatar que “nem tudo é perfeito” nesta forma de fazer jornalismo, e acabou por construir o seu próprio modelo de televisão de proximidade.
O investigador vislumbra no jornalismo de proximidade a “porta para um mundo de debate e discussão” que resulta na “progressão da comunidade”, mas considera que este caminho passa por fugir à “deformação que as elites, enquanto agentes, os jornalistas e os meios de comunicação social impõem”.
Assim, aposta num consenso, num modelo no qual “todos os agentes estejam implicados”.
O Estado assume neste modelo, sugerido por Pedro Coelho, o papel de agente principal, assumindo-se a televisão regional e de proximidade como serviço público de televisão. A Universidade é apontada como outro agente fundamental, na medida em que “forneceria os jornalistas para essas televisões” e serviria de “laboratório de experiências para as pôr a funcionar”.
Para além destas entidades “todas as outras que na comunidade se incluem”, e nela têm uma palavra, deveriam envolver-se, na opinião de Pedro Coelho, de modo a que “trabalhem em conjunto pelo progresso e desenvolvimento da própria comunidade como meta”.
Pedro Coelho entende que “é fundamental incluir a televisão de proximidade no processo de desenvolvimento” do panorama regional português, e defende que é nesse sentido, que “deve assentar a base do processo da comunicação e promoção do debate”, para uma comunidade “capaz de decidir por si própria, sem ser moldada pelos meios de comunicação social nacionais”.
Este modelo de televisão constitui para o seu autor “uma associação fundamental entre as pessoas e os problemas concretos que as rodeiam” e conduz a que pensem em conjunto numa forma de os resolver. Segundo Pedro Coelho “pensar em conjunto, debater em conjunto, discutir em conjunto, argumentar em conjunto é um sinal de desenvolvimento”.
Falta de preparação
O autor do trabalho considera que “ninguém está preparado ainda” para a implementação de um modelo deste tipo, já que o investigador compreende que existem “comunidades débeis no país, onde não há uma sociedade civil activa na maior parte dos casos”. A preparação passa, de acordo com Pedro Coelho, por uma “mini-revolução tranquila das mentalidades” que deve ser arbitrada pelo Estado, com uma legislação adequada que facilite o caminho.
Quando ajustada essa mentalidade, o investigador propõe para o país, pela sua realidade, uma programação de qualidade, essencialmente informativa, que teria uma emissão de uma a duas horas diárias. A reportagem e a investigação sobre os problemas da região teriam destaque, assim como a sua discussão.
O Alentejo, é visto por Pedro Coelho como uma grande região que um dia possa vir a ser privilegiada com esta televisão regional. No entanto, com base no fundamento de que esta é uma região com um grande grau de subdesenvolvimento, defende “uma televisão à sua medida, com um investimento controlado”. O estabelecimento da televisão nesta região é delegada pelo investigador ao “novo conceito de comunidade urbana que está a ser implantado”, e que pode apoiar o Estado no patrocínio e na arbitragem deste investimento.
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