ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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A procura pelos serviços prestados pelo Centro de Apoio ao Imigrante de Portalegre está aquém das expectativas. O problema parece residir na falta de divulgação, mas mesmo assim "já foram resolvidos alguns problemas".
Os serviços prestados pelo Centro Local de Apoio ao Imigrante (CLAI) de Portalegre têm sido pouco solicitados. Em funcionamento o passado dia 9 de Abril, esta estrutura registou, até à data, um total de sete pedidos de esclarecimento por parte de estrangeiros residentes na zona.
O CLAI de Portalegre foi criado com o intuito de servir a população imigrante do distrito nas áreas da divulgação e informação. “O objectivo principal deste espaço é dar resposta às questões e aos problemas que se colocam aos imigrantes”, explica Luís Mamão, mediador desta estrutura, acrescentando que “todos os imigrantes, independentemente da sua nacionalidade, de estarem ou não legais, podem solicitar apoio neste local”.
No entanto, a procura deste tipo de serviço está aquém daquilo que era esperado. “Não temos tido as solicitações que esperávamos e gostaríamos de ter”, refere Luís Mamão. Apesar de tudo, este responsável adianta que “o balanço não deixa de ser positivo”, uma vez que, como salienta, “já ajudámos a resolver os problemas de alguns imigrantes”.
Luís Mamão justifica a pouca afluência de imigrantes a este local, com o facto de se tratar de um espaço recém-criado, que ainda se encontra numa fase de consolidação e de divulgação. E é precisamente na divulgação que o CLAI de Portalegre está a apostar neste momento. Com o objectivo de dar a conhecer os seus serviços e, numa tentativa de inverter a pouca procura que se tem registado, esta estrutura está a reforçar a sua promoção através da distribuição de folhetos e cartazes pela cidade.
No CLAI, os imigrantes podem encontrar resposta a questões relacionadas com a segurança social, legalização, saúde, trabalho, entre outras. Para tal, este espaço dispõe, para além de um mediador, de outras ferramentas de apoio, como um telefone com ligação à linha SOS Imigrante, um computador com acesso à Internet, que pode ser utilizado pelo imigrante para esclarecimento de eventuais dúvidas, e ainda um conjunto de fichas técnicas disponíveis em três línguas – inglês, russo e português.
Rossen Cristove é imigrante e vive em Portalegre há cerca de ano e meio, mas desconhece a existência daquele espaço. Natural da Bulgária, este homem de 29 anos, lembra que quando chegou a Portalegre deparou-se com algumas dificuldades, sobretudo para encontrar emprego. Mas adianta que nunca recorreu a nenhuma instituição para pedir apoio. Foi através da família que, após três meses de procura, conseguiu trabalho como operário da construção civil. No seu país de origem, Rossen era carpinteiro.
À semelhança deste imigrante, também Baycho Shterev, igualmente búlgaro, desconhece a existência do Centro de Apoio ao Imigrante. “Ainda não ouvi falar, nem nunca fui lá”, afirma. Baycho tem 38 anos e reside em Portalegre há cinco, onde trabalha como pedreiro. Tal como Rossen, também Baycho confessa que passou por momentos difíceis quando chegou a Portalegre, mas conseguiu superá-los “sempre sozinho”, como faz questão de frisar.
Parceria com outras instituições
A criação do Centro Local de Apoio ao Imigrante em vários pontos do país, insere-se na política de imigração apresentada pelo Governo no início do mês de Março. Este serviço é o primeiro a integrar a Rede Nacional de Apoio ao Imigrante, um projecto que pretende melhorar a qualidade do acolhimento e integração dos imigrantes em Portugal. O Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME) é a entidade responsável por estas estruturas. Todos os centros de apoio mantêm parcerias com instituições, orientadas para a área do acolhimento, da zona onde se encontram sediados. Estas instituições ficam ligados ao ACIME através de um protocolo de colaboração onde são definidos um conjunto de normas às quais terão que obedecer.
O CLAI de Portalegre funciona no edifício da Cáritas Diocesana, instituição com a qual mantém parceria. Para o presidente da Cáritas, Elicido Bilé, “é com agrado” que esta instituição colabora com o centro. O responsável explica que “por uma lado, a Cáritas Diocesana decidiu acolher este serviço por ter instalações, bem uma pessoa disponível e com o perfil para fazer o atendimento aos imigrantes e, por outro lado, porque se integra no espírito de caridade”. Elicido Bilé acrescenta ainda que a Cáritas pode dar outro tipo de respostas para além daquelas que o CLAI oferece. “Pode complementar o apoio prestado ao imigrante com um acolhimento mais completo, que vá de encontro a outro tipo de necessidades, sobretudo ao nível da cidadania”, refere.
Número de imigrantes aumentou
De acordo com dados fornecidos pela Delegação Regional de Portalegre do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 2000 existiam no distrito de Portalegre 576 imigrantes em situação legal.
Em 2002 este número disparou para os 3085. A maioria destes imigrantes são oriundos do Brasil e dos países de Leste, sobretudo da Ucrânia. A acrescentar a estes dados, encontra-se um número indeterminado de imigrantes ilegais.
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